União Europeia suspende tarifas contra os EUA por 90 dias

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A União Europeia anunciou, nesta quinta-feira (10), a suspensão, por um período de 90 dias, das tarifas retaliatórias que havia imposto sobre produtos importados dos Estados Unidos. A medida é um gesto de boa vontade para abrir espaço a negociações com o governo do presidente Donald Trump, que intensificou nos últimos meses confrontos tarifários com diversos parceiros comerciais.

A decisão do bloco europeu ocorre após Washington ter sinalizado uma trégua parcial ao recuar, temporariamente, da imposição de tarifas adicionais sobre seus parceiros comerciais — movimento que incluiu a União Europeia. A suspensão das medidas retaliatórias por parte da UE acontece apenas um dia depois de os países do bloco terem concordado em aplicar uma tarifa de 25% sobre uma lista de produtos norte-americanos, como resposta direta às taxas sobre aço e alumínio anunciadas por Trump há cerca de um mês.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou o compromisso europeu com uma resolução pacífica. “Queremos dar uma chance às negociações”, declarou. “Se as conversas não forem satisfatórias, nossas contramedidas entrarão em vigor.”

Suspensão atinge tarifas de até 21 bilhões de euros

As tarifas, agora suspensas, afetariam aproximadamente 21 bilhões de euros em produtos norte-americanos — o equivalente a cerca de R$ 133 bilhões. A lista de itens-alvo incluía commodities e bens de consumo como soja, frutas, motocicletas, cosméticos, roupas e até mesmo fio dental.

Essa foi a primeira retaliação concreta da UE no que tem sido descrito como uma “guerra de tarifas recíprocas” iniciada por Trump. Nas semanas anteriores à decisão, Bruxelas vinha reiterando sua disposição para encontrar uma solução negociada e evitar a escalada do conflito.

Ainda nesta quinta-feira, Von der Leyen elogiou o gesto dos Estados Unidos, chamando-o de “passo importante para estabilizar a economia global”. Segundo ela, “condições claras e previsíveis são essenciais para o bom funcionamento do comércio internacional e das cadeias de suprimentos.”

A sinalização de Trump veio na noite anterior, por meio de sua rede social, a Truth Social. O estadunidense anunciou que manteria uma tarifa básica de 10% sobre diversos produtos importados, mas suspenderia por 90 dias as taxas adicionais sobre países que não retaliaram e demonstraram interesse em buscar uma solução negociada — entre eles, a União Europeia, inicialmente ameaçada com uma alíquota extra de 20%.

Apesar da trégua temporária, Bruxelas reforçou que continuará buscando ampliar suas alianças comerciais com países que compartilhem o compromisso com o livre comércio e a estabilidade regulatória.

Escalada da tensão com a China

Enquanto suaviza temporariamente o tom com a União Europeia, os Estados Unidos aprofundam a tensão com a China. Também na quarta-feira, Trump anunciou um aumento drástico nas tarifas sobre produtos chineses, elevando a taxa para 125%. O movimento intensifica a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Em retaliação, a China impôs tarifas de até 84% sobre produtos estadunidenses. Em pronunciamento duro, o Ministério do Comércio da China afirmou que “seguirá até o fim” caso os EUA mantenham sua postura. O porta-voz da pasta ressaltou que o país está aberto ao diálogo, desde que este ocorra em bases de respeito mútuo.

Trump, por sua vez, afirmou que “espera que, em um futuro próximo, a China perceba que os dias de exploração dos Estados Unidos e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis”.

Apesar da retórica inflamada, autoridades estadunidenses indicaram que a prioridade do momento são as negociações com outros países asiáticos, como Vietnã, Japão e Coreia do Sul, que também têm sido afetados pelas políticas comerciais de Trump.

Com informações do DWBrasil

Foto: Ronald Wittek/EPA

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