A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) manifestou publicamente seu apoio ao deputado federal Glauber Braga (PSOL/RJ), que enfrenta um processo de cassação na Câmara dos Deputados. Em postagem publicada em sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter), Soraya classificou o processo como “nítida perseguição política” e “uma covardia sem precedentes”. A parlamentar afirmou ter assinado uma petição em defesa de Glauber e criticou com veemência a postura do Conselho de Ética da Câmara, que, segundo ela, protagoniza “uma vergonha alheia”.
A manifestação da senadora ocorre em meio à greve de fome iniciada por Glauber Braga, que já ultrapassa 84 horas. O parlamentar aderiu ao protesto como forma de resistência ao avanço do processo de cassação, que, segundo seus apoiadores, possui motivações políticas. Desde a última quinta-feira (9), Glauber não consome alimentos sólidos, mantendo-se apenas com água, água de coco e bebidas isotônicas. Sua equipe informa que ele permanece nas dependências da Câmara, onde dorme, recebe visitas e continua desempenhando suas atividades parlamentares.
A abertura do processo no Conselho de Ética foi aprovada na quarta-feira (9) por 13 votos a 5. A denúncia que deu origem ao caso remonta a um episódio de 2024, no qual Glauber é acusado de agressão física contra um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), dentro do Congresso Nacional. Para o PSOL, trata-se de uma retaliação política orquestrada por aliados do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), após Glauber denunciar supostas irregularidades no chamado “orçamento secreto”. Lira, por sua vez, nega qualquer envolvimento no processo.
O caso vem ganhando grande repercussão nas redes sociais e fora delas. O nome de Glauber Braga figurou entre os mais buscados na internet nas últimas semanas, e seu caso mobilizou figuras públicas de diversas correntes ideológicas. Para seus defensores, o processo é uma tentativa clara de silenciar vozes críticas e combativas no Congresso Nacional, especialmente aquelas que denunciam os abusos cometidos por setores do centrão e os acordos que se desenrolam nos bastidores do poder.
O relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD/BA), afirmou em seu parecer que Glauber “extrapolou os limites dos direitos inerentes ao mandato parlamentar” e que houve “abuso das prerrogativas”. A decisão ainda cabe recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Caso a CCJ rejeite o recurso, o processo segue para o plenário da Câmara dos Deputados. Para que a cassação do mandato seja aprovada, são necessários ao menos 257 votos favoráveis.