O setor varejista de Campo Grande, apesar de contar com mais de 1.000 vagas de emprego abertas, não consegue preenchê-las desde o final de 2024. A escassez de trabalhadores tem sido um dos principais desafios para o setor, segundo Adelaido Vila, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG). O cenário difícil ocorre, independentemente, do nível de qualificação exigido para as vagas.
Um dos fatores que dificulta a contratação de pessoal é a mudança no perfil da nova geração de trabalhadores, especialmente da Geração Z. Muitos jovens dessa faixa etária não demonstram interesse por atividades tradicionais no varejo, como vendas e atendimento ao cliente. Para Adelaido Vila, esse desinteresse agrava ainda mais o quadro, uma vez que, apesar dos avanços tecnológicos, a presença humana continua sendo essencial para o crescimento do setor e a manutenção das atividades econômicas.
Vila destaca que outro ponto que contribui para essa escassez de mão de obra é o impacto da pandemia de Covid-19, que já completa cinco anos. Durante o período de restrições, muitas trabalhadoras deixaram o mercado de trabalho formal para cuidar dos filhos, devido ao fechamento das creches. O que deveria ser um retorno temporário se transformou em uma lacuna permanente no setor, pois grande parte dessas profissionais não voltou ao mercado.
O setor de comércio varejista brasileiro, no entanto, apresentou um crescimento significativo em 2024, com um aumento de 4,7% em relação ao ano anterior, marcando a maior alta desde 2012. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segmentos como artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (14,2%), veículos e motos, partes e peças (11,7%) e hiper e supermercados (4,6%) foram os que mais se destacaram no ano.
Apesar do desempenho positivo em âmbito nacional, o varejo de Campo Grande ainda enfrenta desafios significativos para atrair mão de obra qualificada, o que pode comprometer o potencial de crescimento do setor na Capital.