Presidente dos EUA corta ajuda humanitária com ameaça a colapso no combate ao HIV

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O presidente estadounidense, Donald Trump, determinou a interrupção do fornecimento de medicamentos essenciais para o tratamento de HIV, malária e tuberculose, além de insumos de saúde para recém-nascidos, em países beneficiados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

A medida, tomada logo nos primeiros dias de seu mandato, tem gerado repercussões em todo o mundo e no Brasil, com especialistas alertando para as consequências devastadoras da medida.

Em entrevista à Agência Aids, especialistas e ativistas brasileiros manifestaram profunda preocupação com a decisão. O médico e ex-diretor do Programa Nacional de Aids, Pedro Chequer, destacou que “esta é uma decisão que afeta diretamente a vida das pessoas vivendo com HIV e pode reverter todo o progresso alcançado desde a criação do Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para a Luta contra a Aids (PEPFAR)”.

Chequer ainda acrescentou que o PEPFAR, lançado em 2003, tem sido fundamental no tratamento e cuidados contra o HIV em todo o mundo, evitando a morte precoce de cerca de 30 milhões de pessoas. “Muitos países, especialmente na África Subsaariana, dependem deste apoio para garantir o tratamento nas redes de saúde locais”, afirmou.

Veriano Terto Jr., vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, também expressou preocupação e chamou a medida de Trump de “criminosa”. “A suspensão do PEPFAR por 90 dias é alarmante, pois afeta milhões de pessoas que dependem desses medicamentos. Cerca de 20 milhões de beneficiados em diversos países, especialmente na África, estão em risco. Além disso, mulheres grávidas, crianças e pacientes com câncer cervical também serão afetados. Não só as consequências para a saúde são graves, mas essa decisão causa pânico e instabilidade social. Não sabemos se e quando esses programas serão retomados, mas precisamos nos mobilizar contra essa atitude irresponsável e criminosa”.

Em entrevista à Reuters, fontes ligadas à USAID confirmaram que organizações terceirizadas e parceiras receberam memorandos determinando a suspensão imediata das atividades. A Chemonics, uma das principais consultorias contratadas para gerenciar o fornecimento de medicamentos, está entre as afetadas pela decisão.

A medida abrange diretamente programas de combate ao HIV, malária e tuberculose, além de iniciativas voltadas à distribuição de contraceptivos e suprimentos de saúde materno-infantil. Segundo a Reuters, a suspensão impede até mesmo a entrega de medicamentos em estoque para clínicas financiadas pelos EUA.

O congelamento de 90 dias nos programas de assistência ao desenvolvimento foi imposto no primeiro dia de mandato de Trump, em 20 de janeiro, sob a justificativa de revisar a eficiência dos programas e sua adequação à política externa dos Estados Unidos.

Ativistas alertam que a ação coloca em risco o histórico de comprometimento dos EUA como maior doador individual de ajuda humanitária do mundo. Em 2023, os Estados Unidos destinaram US$ 72 bilhões para assistência, representando 42% de toda a ajuda humanitária monitorada pela ONU no ano seguinte.

Com informações da Agência Aids

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