O governo do Peru decretou estado de emergência na capital, Lima, e na província vizinha de Callao, mobilizando tropas militares para as ruas em resposta a uma onda de violência e assassinatos supostamente ligados a tentativas de extorsão. A medida, anunciada no final da noite deste domingo (16), ocorreu após o assassinato a tiros do cantor popular Paul Flores, morto por homens armados que atacaram o ônibus em que ele viajava com sua banda, logo após um show nos arredores de Lima.
De acordo com relatos de integrantes da banda, os músicos vinham sendo alvo de ameaças de um grupo criminoso que tentava extorquir dinheiro deles. O ataque ocorreu quando o grupo deixava o local da apresentação, evidenciando a escalada de violência na região. O primeiro-ministro Gustavo Adrianzén afirmou que o estado de emergência foi decretado “em toda a província de Lima e na província constitucional de Callao”, com o objetivo de conter a criminalidade e restaurar a ordem pública.
Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), Adrianzén informou que as Forças Armadas seriam mobilizadas “para apoiar a Polícia Nacional” no patrulhamento das áreas afetadas. No entanto, o governo não divulgou detalhes sobre o número de soldados envolvidos nem sobre a duração prevista da operação. A decisão foi tomada após uma reunião de emergência entre o primeiro-ministro e a presidente Dina Boluarte, que decidiu antecipar para terça-feira (18) a reunião do Conselho Nacional de Segurança dos Cidadãos, originalmente agendada para dez dias depois.
O assassinato de Paul Flores chocou a população local e trouxe à tona a preocupação com a crescente onda de extorsões e violência na região metropolitana de Lima. Dados recentes do Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI) do Peru indicam um aumento de 12% nos crimes violentos na capital nos últimos seis meses, com extorsões e assassinatos atingindo níveis alarmantes. A medida de emergência é vista como uma tentativa do governo de conter a insegurança, mas especialistas alertam para a necessidade de estratégias de longo prazo para combater as raízes do problema, como o fortalecimento das instituições de segurança e a redução da impunidade.
A presidente Boluarte, que assumiu o cargo em dezembro de 2022 após a destituição de Pedro Castillo, enfrenta pressão crescente para lidar com a crise de segurança no país. O estado de emergência é a mais recente de uma série de medidas adotadas pelo governo para enfrentar a criminalidade, mas a eficácia dessas ações ainda é questionada por setores da sociedade civil e especialistas em segurança pública.
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