Uma intensa onda de calor está prevista para atingir o Brasil entre esta quarta-feira (12) e o dia 21 de fevereiro, afetando, principalmente, as regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste do país. Mato Grosso do Sul será um dos estados mais impactados, com temperaturas até 7°C acima da média histórica. A partir do dia 22 de fevereiro, os termômetros devem superar os 40°C, com sensação térmica chegando a 48°C em algumas áreas do Estado. Em situações extremas, a sensação térmica pode atingir impressionantes 70°C em algumas regiões do país, segundo dados do Núcleo de Climatologia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP). Entretanto, os meteorologistas dizem que, apesar de, na teoria, isso ser possível, está descartado que aconteça nos próximos dias, principalmente por conta da baixa umidade prevista.
Essa onda de calor não se limita apenas às altas temperaturas registradas pelos termômetros. A combinação entre calor e umidade relativa do ar amplia a sensação térmica, criando condições ainda mais desafiadoras. Por exemplo, em uma cidade com temperatura de 38°C e umidade de 60%, a sensação térmica pode chegar a 55°C. Já em locais com 41°C e 40% de umidade, a sensação pode atingir 53°C. Esse fenômeno ocorre porque a umidade do ar intensifica a percepção de calor, tornando o ambiente ainda mais sufocante.
Impactos na Saúde e no Bem-Estar
O calor extremo não afeta apenas o conforto, mas também a saúde e a capacidade cognitiva. A neurocientista Lívia Ciacci explica que, em situações de altas temperaturas, o cérebro prioriza o alívio do desconforto térmico, redirecionando energia que seria usada para funções como concentração e raciocínio. “O corpo elimina mais água para equilibrar a temperatura, os vasos sanguíneos se dilatam, e a respiração pode acelerar. É como se entrássemos em um estado de alerta, onde o bem-estar físico se torna prioritário”, afirma.
Esse efeito é ainda mais pronunciado em ambientes fechados e com muitas pessoas, como salas de aula. Em 2024, considerado o ano mais quente já registrado pelo programa Copernicus da Europa (com temperaturas 1,6°C acima da média da era industrial), o calor extremo tem comprometido o aprendizado e o ensino. “Os alunos e professores ficam agitados, buscando maneiras de se refrescar, o que desvia a atenção das atividades educacionais”, explica Ciacci.
Crise Climática e Medidas de Adaptação
A crise climática tem amplificado a frequência e a intensidade das ondas de calor, exigindo medidas urgentes para mitigar seus impactos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a Justiça adiou o início do ano letivo na rede estadual após pedido do sindicato de professores, em resposta às temperaturas recordes de 43,8°C, as mais altas em 115 anos no estado.
A situação evidencia a necessidade de adaptação das infraestruturas escolares e políticas públicas para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Investimentos em ventilação, refrigeração e conscientização sobre os riscos do calor extremo são essenciais para garantir a segurança e o bem-estar de estudantes e profissionais da educação.
Previsões e Recomendações
Enquanto a onda de calor avança, especialistas recomendam que a população adote medidas para se proteger, como hidratação constante, uso de roupas leves, evitar exposição ao sol nos horários mais quentes e buscar ambientes frescos sempre que possível. Além disso, é fundamental que governos e instituições reforcem campanhas de conscientização e implementem políticas de adaptação climática para minimizar os efeitos do calor extremo na saúde e na qualidade de vida.
Atualizado às 12h42