Nesta segunda-feira (31), o Ministério Público Federal (MPF) formalizou um pedido de cassação dos mandatos da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), e de sua vice, Camilla Nascimento de Oliveira. A solicitação foi encaminhada ao Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE/MS) após denúncias de captação ilícita de sufrágio – prática em que candidatos oferecem vantagens a eleitores em troca de votos.
A ação foi motivada por representações dos partidos Democracia Cristã (DC) e Partido Democrático Trabalhista (PDT), que acusam a chapa de abuso de poder econômico e compra de votos durante a campanha eleitoral. O processo, registrado sob o número TRE/MS-RECEL-0600364-30.2024.6.12.0036, pode resultar na perda dos mandatos e na declaração de inelegibilidade das envolvidas por oito anos.
De acordo com a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), Adriane Lopes teria utilizado estruturas de igrejas evangélicas para promover sua candidatura, realizando comícios em templos religiosos e recrutando pastores como cabos eleitorais. Embora a Justiça Eleitoral não tenha reconhecido a conduta como abuso de poder religioso, a estratégia gerou críticas e debates sobre a influência da fé na política.
As acusações mais graves, no entanto, envolvem a distribuição de benefícios em troca de votos. Testemunhas relataram que integrantes da campanha da prefeita ofereceram auxílios e vantagens a eleitores, principalmente em áreas carentes da cidade. Diante das provas, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE/MS) recomendou a cassação com base na Lei das Eleições (9.504/97) e na Lei Complementar 64/90, que proíbem práticas ilegais para obtenção de votos.
Caso o TRE/MS decida pela cassação, novas eleições poderão ser convocadas em Campo Grande. No entanto, especialistas avaliam que o processo deve se estender até o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prolongando a indefinição. Até o momento, Adriane Lopes e sua vice não se pronunciaram sobre as acusações.