Lula ameaça retaliar EUA, caso Trump resolva taxar produtos brasileiros

Política

O presidente Lula afirmou, nesta quarta-feira (5), que o Brasil poderá retaliar os Estados Unidos com tarifas de importação, caso o presidente estadounidense, Donald Trump, decida taxar produtos brasileiros.

Em entrevista às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais, Lula destacou que a relação comercial entre os dois países é “muito boa”, mas alertou que os Estados Unidos não podem se engajar em disputas constantes com outros países. “Se ele (Trump) ou qualquer outro país aumentar a taxação sobre o Brasil, nós aplicaremos a reciprocidade e taxaremos também. Isso é simples e democrático”, afirmou o presidente.

Lula também ressaltou os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e EUA e afirmou que o governo norte-americano não pode governar apenas com ameaças e “bravatas”. “Não é o mundo que precisa dos EUA. Os EUA também precisam do mundo. Ninguém pode viver ameaçando todos a vida inteira”, acrescentou.

Durante sua campanha presidencial, Trump já havia ameaçado diversos países com tarifas, alegando que a medida ajudaria a equilibrar a balança comercial e aumentaria a receita para o financiamento de outras promessas, como o corte de impostos.

Recentemente, Trump anunciou que aplicaria tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá e 10% sobre itens chineses, com o objetivo de combater a imigração ilegal e o tráfico de fentanil. Após conversas com os líderes de Canadá e México, ele suspendeu as tarifas sobre esses países por 30 dias, mas a taxação sobre as importações da China entrou em vigor na terça-feira, após um desacordo com o presidente chinês, Xi Jinping, que retaliou com taxas próprias.

Além disso, Trump já ameaçou impor tarifas contra a União Europeia e os países do Brics, incluindo o Brasil. Ele afirmou que o grupo deve interromper suas tentativas de substituir o dólar como moeda de referência no comércio internacional. Em resposta, Lula defendeu o direito do Brics de explorar alternativas à moeda norte-americana. “Temos o direito de discutir a criação de uma forma de comércio que não dependa apenas do dólar”, afirmou.

Lula também criticou a proposta de Trump dos Estados Unidos assumirem o controle da Faixa de Gaza, considerando-a uma ideia sem fundamento. Ao ser questionado sobre o conflito, Lula reafirmou que a situação em Gaza é um “genocídio” e defendeu que o enclave palestino deve ser administrado pelos próprios palestinos.

Foto: Marlene Bergamo/Folhapress