Analistas consultados pelo Banco Central (BC), elevaram, ligeiramente, suas projeções para a inflação de 2025 e 2026, além de ajustarem as expectativas para a cotação do dólar no ano que vem, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (13).
O estudo, que reflete as expectativas do mercado sobre indicadores econômicos, mostrou que a mediana das projeções para o IPCA em 2025 subiu de 4,99% para 5%, registrando a 13ª semana consecutiva de aumento nas previsões. Para 2026, a projeção de inflação é de 4,05%.
A pesquisa também revela que os investidores ajustaram suas apostas com a expectativa de que as políticas do governo dos EUA, sob a presidência de Donald Trump, possam gerar pressão inflacionária e manter os juros elevados no Brasil, o que favorece a valorização da moeda estadounidense.
Os ajustes nas projeções ocorrem após a divulgação do IPCA de dezembro de 2024, que apontou alta de 0,52% em relação ao mês anterior e um crescimento de 4,83% na comparação anual, fechando o ano com a inflação acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central — de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Em uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição está adotando as medidas necessárias para que a inflação atinja a meta após o descumprimento do alvo em 2024. Galípolo também destacou que a desvalorização do real continuará pressionando os preços em 2025.
A pesquisa Focus também revelou um aumento na projeção para o valor do dólar em 2025 e 2026, com a expectativa de que a moeda norte-americana feche 2025 e 2026 a R$ 6,00 — uma revisão em relação à projeção anterior, de R$ 5,90 para o próximo ano.
O dólar disparou no final de 2024, alimentado pela preocupação do mercado em relação à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas. O temor foi intensificado após o anúncio de um projeto de reforma do Imposto de Renda no final de novembro, que desviou a atenção das medidas fiscais voltadas para o controle da dívida pública.
Apesar da aprovação das reformas fiscais no Congresso e do adiamento da discussão sobre a reforma do IR, o mercado continua exigindo mais ações do governo para restaurar a confiança fiscal e garantir a sustentabilidade da dívida pública.
Em relação à taxa Selic, as projeções para os próximos dois anos se mantiveram inalteradas, com a expectativa de que a taxa básica de juros termine 2025 em 15% e 2026 em 12%.
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão é de um crescimento de 2,02% para 2025, o mesmo valor da semana anterior, e uma expansão de 1,80% para 2026, também sem alterações nas projeções.