Os estoques de suco de laranja do Brasil atingiram, em dezembro do ano passado, o menor nível da história, conforme dados divulgados pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), nesta segunda-feira (10). O anúncio ocorre em um momento de forte alta nos preços da fruta.
A redução na produção é atribuída a fatores climáticos, como altas temperaturas e chuvas irregulares, além do agravamento da doença do greening (foto), que afeta cada vez mais os pomares. O greening já atinge 44,35% dos pomares nos estados de São Paulo e Minas Gerais, e continua a crescer a cada ano. Esse cenário impacta diretamente os preços, com a laranja registrando uma inflação de 62,51% nos 12 meses até setembro de 2024, a maior alta desde 1995.

Em Mato Grosso do Sul, com a expansão da citricultura em diferentes regiões do Estado, o governo garante que há uma legislação rígida, com “tolerância zero” à doença de greening, que devastou plantações e pomares no Brasil e no mundo todo.
No Estado, são 15 mil hectares plantados, com expectativa de chegar a 30 mil nos próximos anos. Esta expansão está associada ao clima, bom ambiente de produção e uma legislação rígida, controle rígido da doença de greening.
De acordo com uma auditoria independente realizada junto às empresas associadas, os estoques globais de suco de laranja do Brasil, no final de dezembro de 2024, somaram apenas 351.483 toneladas. Esse volume representa uma queda de 24,2% em relação ao ano anterior, quando o estoque era de 463,9 mil toneladas. O número registrado é o menor desde o início da série histórica da associação, que monitora os grandes exportadores do setor. As auditorias, realizadas por empresas especializadas, garantem a precisão e transparência dos dados.
O Brasil, responsável por cerca de 75% do comércio mundial de suco de laranja, deve sentir as consequências dessa redução no estoque. Segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, a escassez reflete o ciclo de safras pequenas e de baixa produção, agravado pela safra deste ano, a mais fraca em mais de 30 anos. “Essa queda já era esperada, dado o cenário das últimas safras. Foram cinco anos consecutivos de produção abaixo do esperado”, afirmou Netto.
A expectativa é de que o clima favoreça a próxima safra, cujos números oficiais serão divulgados pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) em maio. A esperança é que a safra 2025/26 possa ajudar a recompor parte do estoque, que está em nível crítico. No entanto, a terceira reestimativa da safra 2024/25, divulgada pelo Fundecitrus em fevereiro, ainda aponta uma produção inferior à de anos anteriores, com a previsão de 228,52 milhões de caixas de laranja (de 40,8 kg cada), o que representa uma queda de 1,7% em relação à previsão inicial.
Com informações da FolhaPress