Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados do Censo 2022, que apontam uma população de 203.080.756 pessoas no Brasil. Com base nesses dados, estima-se que o número de brasileiros com diabetes chegue a aproximadamente 20 milhões, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). A projeção se sustenta no último Vigitel, pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 27 capitais, que revelou uma prevalência de 10,2% de diagnósticos autorreferidos de diabetes. A Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) corrobora essa estimativa, indicando que 10,5% da população brasileira convive com a doença.
O diabetes tipo 2 é o mais comum, representando a maioria dos casos. Ele ocorre quando o corpo não utiliza adequadamente a insulina produzida ou não a produz em quantidade suficiente. A resistência à insulina, base dessa condição, está diretamente ligada a fatores como obesidade, alimentação inadequada e sedentarismo. Embora mais frequente em adultos, o aumento da obesidade infantil tem elevado os casos entre crianças e adolescentes. O tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, como dieta balanceada e exercícios físicos, além de medicamentos ou insulina, dependendo da gravidade.
Já o diabetes tipo 1, que afeta cerca de 600 mil brasileiros, é uma condição autoimune em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Sem insulina, a glicose se acumula no sangue, exigindo tratamento contínuo com aplicações de insulina, aliadas a planejamento alimentar e atividades físicas. Esse tipo é mais comum em crianças e adolescentes, mas também pode ser diagnosticado em adultos.
Segundo a médica Bianca de Almeida Pititto, coordenadora de Epidemiologia da SBD, as mulheres são as mais afetadas: 11,1% delas têm diabetes, contra 9,1% dos homens. No entanto, a prevalência da doença tem crescido significativamente em ambos os sexos. Em 2006, por exemplo, os índices eram de 6,3% para mulheres e 4,6% para homens. A especialista também destaca que a prevalência aumenta com a idade e diminui conforme o nível de escolaridade.
O presidente da SBD, dr. Ruy Lyra, reforça a importância de garantir acesso universal ao tratamento. “Nosso objetivo é reduzir a disparidade entre os serviços públicos e privados. No SUS, ainda há escassez de medicamentos e insumos, que nem sempre são tão eficazes quanto os disponíveis na rede particular”, explica. A entidade trabalha em parceria com o governo para ampliar o acesso a tratamentos de qualidade no sistema público.
Um dado alarmante é que, segundo a IDF, uma em cada três pessoas com diabetes não sabe que está doente, já que os sintomas — como sede excessiva, visão turva e perda de peso — podem demorar a aparecer. Isso sugere que o número real de casos no país pode ser ainda maior.
Diante desse cenário, a SBD alerta para a necessidade da implementação de estratégias para a identificação precoce e a prevenção do diabetes, visando reduzir os impactos sociais e econômicos da doença a longo prazo. “Além do tratamento, é essencial investir em políticas públicas que promovam hábitos saudáveis e facilitem o diagnóstico precoce”, conclui Lyra.