De um lado, postagens disfarçadas de notícias, muitas vezes amadoras, mas que se vendem como denúncias. Do outro, reportagens apuradas, checadas e produzidas por jornalistas comprometidos com a verdade. Esse é o cenário do embate atual: a disputa pela atenção do público em meio à enxurrada de informações que circulam diariamente.
Superar esse desafio tem sido uma das maiores lutas dos jornalistas e dos veículos de comunicação. E esse debate ganha ainda mais relevância em datas como o Dia do Jornalista, celebrado nesta segunda-feira, 7 de abril.
Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o que está em jogo nessa batalha é nada menos do que o direito humano à informação e a própria sustentação da democracia. Apesar da complexidade do cenário, pesquisadores afirmam que existem estratégias para proteger a sociedade da desinformação.
Democratização e Sensacionalismo
Uma das explicações para o sucesso de conteúdos enganosos está na história do acesso à informação. Até a revolução digital, no final do século 20, o jornalismo profissional era restrito a uma elite. A internet, porém, democratizou tanto o consumo quanto a produção de conteúdo.
Para Sílvia Dal Ben, pesquisadora de jornalismo automatizado na Universidade do Texas (EUA), o sensacionalismo atrai não apenas pelo apelo emocional, mas também pelas condições tecnológicas que facilitam sua disseminação.
“Os jornalistas precisam usar as mesmas ferramentas que influenciadores digitais, distribuindo conteúdo de qualidade em formatos variados”, afirma Dal Ben.
Credibilidade como Arma contra a Desinformação
Samira Castro, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), ressalta que o jornalismo profissional tem uma vantagem decisiva: o compromisso com a verdade.
“Quando o jornalismo traduz temas complexos com clareza e rigor, conquista confiança. E é essa confiança que derrota o ruído das mentiras. A credibilidade, construída com ética, é nossa maior arma”, defende.
A Origem da Data: Líbero Badaró e a Resistência
O Dia do Jornalista foi instituído em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em homenagem a Giovanni Battista Líbero Badaró, médico e jornalista assassinado por inimigos políticos em 1830.
Badaró, como era conhecido, era um crítico ferrenho do imperador D. Pedro I e fundador do Observatório Constitucional, um jornal independente que desafiava a censura do regime. Sua morte intensificou a crise política que culminou na abdicação de D. Pedro I, em 7 de abril de 1831.
Hoje, mais do que nunca, a data serve como lembrete da luta histórica pela liberdade de imprensa e do papel crucial do jornalismo na defesa da democracia – especialmente em tempos de fake news e desinformação.