A Suzano, maior produtora mundial de celulose, tem adotado uma solução inovadora para o controle de pragas em suas florestas de eucalipto: o uso de joaninhas. Este controle biológico, que é uma prática inédita no Brasil, tem como objetivo reduzir o uso de defensivos agrícolas e promover a sustentabilidade. Desde 2023, a espécie de joaninha Olla v-nigrum está sendo liberada em larga escala em áreas florestais nos estados de São Paulo, Maranhão e Mato Grosso do Sul, abrangendo uma área de 57 mil hectares. O projeto representa um avanço significativo nas práticas de manejo florestal sustentável e teve impacto direto no meio ambiente, pois, em 2024, evitou o uso de 17,1 mil quilos de defensivos agrícolas, resultando em uma economia superior a R$ 3 milhões para a empresa.
A iniciativa é fruto de uma parceria com a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da UNESP, a Embrapa Florestas e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), e visa utilizar a biodiversidade para controlar as pragas de forma mais eficiente, sustentável e com menores impactos ambientais. O psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei), uma das principais pragas do eucalipto, é controlado pelas joaninhas Olla v-nigrum, que se alimentam da praga, contribuindo para o equilíbrio ecológico da floresta.
As joaninhas têm um processo de adaptação rápida: em menos de 48 horas após serem liberadas no campo, elas começam a explorar o território em busca de alimento. A oviposição ocorre entre 5 e 7 dias após o acasalamento, estabelecendo rapidamente o ciclo reprodutivo. O clima ideal para sua reprodução é entre 20°C e 37°C, com umidade moderada, características comuns nas áreas de plantio da Suzano.
Antes de iniciar a liberação em campo, a Suzano conduziu intensivos estudos com as joaninhas em um laboratório especial, que simulava o ambiente de uma floresta. Durante dois anos, uma equipe de quatro pesquisadores da companhia se dedicou a entender o comportamento das joaninhas e como elas reagiam a diferentes condições. Para Maurício Magalhães Domingues, pesquisador principal do projeto, essa inovação alinha-se perfeitamente com os valores da empresa de sustentabilidade e eficiência. “O uso de joaninhas como controle biológico não só reduz o uso de defensivos químicos, como também promove a biodiversidade e traz benefícios econômicos e sociais, como o fortalecimento da ciência e a criação de empregos”, afirmou ele.
O projeto de controle biológico com joaninhas teve início em 2022, quando foram identificadas populações nativas durante surtos de pragas em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins. No ano seguinte, os pesquisadores conseguiram estabelecer uma criação experimental das joaninhas, culminando na liberação de 210 mil indivíduos em 2024. Este modelo de controle biológico, embora inédito no Brasil, já é aplicado com sucesso em outros países, como os Estados Unidos, destacando-se como uma alternativa viável e sustentável para o manejo florestal.