O Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte público em Campo Grande (MS), está recrutando motoristas venezuelanos para suprir a escassez de mão de obra na Capital. Segundo relatos de motoristas de coletivos urbanos, a empresa estaria oferecendo alojamento e passagens para os novos contratados. A previsão é de que cerca de 150 trabalhadores do país vizinho integrem a equipe, com alguns já em processo de regularização de documentação no Brasil.
A medida surge como uma alternativa para contornar a falta de profissionais no setor, agravada pela crescente migração de motoristas para o mercado de fretamento, especialmente para a gigante Suzano, localizada em Ribas do Rio Pardo (MS). A escassez tem gerado atrasos frequentes e desaparecimento de horários nos sites de informações do consórcio, além da ausência e atrasos de ônibus nos pontos de embarque, deixando os passageiros sem alternativas.
A desvalorização da categoria, a pressão por jornadas exaustivas e a falta de mão de obra têm transformado a rotina dos motoristas de transporte coletivo em um ciclo insustentável de estresse. Em entrevistas, trabalhadores relataram as dificuldades enfrentadas no dia a dia, como longas horas extras e a sobrecarga de trabalho.
Em meio a esse cenário, muitos motoristas apontam que, antes de contratar profissionais estrangeiros, o Consórcio Guaicurus deveria investir na valorização dos profissionais que já atuam na empresa. “A formação de novos motoristas, com a oferta de cursos para obtenção da habilitação categoria D e capacitação específica para transporte coletivo, seria uma alternativa mais eficaz para enfrentar a crise de mão de obra. Além disso, o Voucher Transportador, oferecido pelo governo estadual, não atende a demanda necessária e acaba direcionando os novos profissionais para outras empresas”, afirmam.
Em postagem nas redes sociais, os trabalhadores prometem começar a distribuir panfletos pela cidade para alertar a população sobre o assunto.