Em mais um episódio da acirrada guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a China anunciou, nesta sexta-feira (11), um aumento significativo nas tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos. As taxas, que antes eram de 84%, passaram a ser de 125%, como resposta direta às medidas impostas por Trump contra produtos chineses, cujas tarifas saltaram de 10% para 145% em apenas um mês.
A escalada das tensões comerciais ocorre logo após a Casa Branca anunciar a suspensão temporária, por 90 dias, das chamadas tarifas “recíprocas” aplicadas a outros parceiros comerciais, mantendo a alíquota reduzida de 10%. A manobra tem como objetivo concentrar pressão econômica sobre a China, que é a segunda maior exportadora para o mercado estadunidense e o principal alvo das medidas protecionistas adotadas por Washington.
Em paralelo ao anúncio das novas tarifas, autoridades chinesas afirmaram que o país deixará de responder a futuros aumentos tarifários decretados pelos Estados Unidos. Segundo o governo de Pequim, diante do atual cenário, continuar importando bens estadunidenses deixaria de fazer sentido do ponto de vista econômico.
A confusão em torno dos percentuais também ganhou novos contornos. Na quinta-feira (10), um dia após Trump declarar que elevaria a tarifa sobre produtos chineses para 125%, a Casa Branca corrigiu a informação e informou que, na verdade, a tarifa seria de 145%. O valor considera um acréscimo de 20% já em vigor desde fevereiro, imposto como medida punitiva contra o suposto tráfico de fentanil vindo da China — valor que inicialmente havia sido ignorado na conta divulgada publicamente.
O governo chinês reagiu com dureza. A chancelaria de Pequim classificou as novas tarifas impostas por Trump como uma “brincadeira” e um “jogo de números”, acusando o presidente estadunidense de criar instabilidade nos mercados internacionais. Em comunicado oficial, o governo afirmou que Trump será o único responsável pelas consequências econômicas de suas ações.
“Bullying unilateral”
Em pronunciamento público sobre o tema pela primeira vez, o presidente chinês, Xi Jinping, afirmou nesta sexta-feira, durante reunião com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que “não há vencedores em uma guerra tarifária”. Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, Xi declarou que “guerras comerciais não são boas” e defendeu que “o mundo precisa que China e Estados Unidos conversem”.
O líder chinês aproveitou a ocasião para apelar à União Europeia, pedindo que se una à China na defesa das “responsabilidades internacionais” e da preservação da globalização econômica, contrapondo-se a atitudes que caracterizou como “atos unilaterais de intimidação”.
Em nota divulgada no mesmo dia, o Ministério das Finanças da China adotou um tom semelhante. A pasta afirmou que as tarifas “anormalmente altas” impostas por Washington violam de forma grave as regras do comércio internacional, os princípios básicos da economia e até o senso comum. Segundo o ministério, trata-se de uma prática de “coerção econômica e bullying unilateral”.
Antes de anunciar que não responderia mais a novas provocações tarifárias dos Estados Unidos, o governo de Pequim havia prometido “lutar até o fim” e chegou a acusar Washington de praticar extorsão econômica. De acordo com a imprensa estatal chinesa, o governo pretende levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), buscando apoio institucional para conter as ações dos Estados Unidos.
Com informações do DWBrasil
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