China prioriza soja brasileira em meio a incertezas sob governo Trump

Economia

Processadores de soja da China passaram a adquirir grandes quantidades de grãos brasileiros a preços competitivos, optando pelas oleaginosas do Brasil em vez das americanas. A mudança ocorre no contexto de incertezas em relação a possíveis tarifas de importação que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, pode impor após tomar posse, em 20 de janeiro.

O receio de uma escalada nas tensões comerciais durante o segundo mandato de Trump já afetou os fluxos de comércio para a China, o maior importador de produtos agrícolas do mundo. Diante disso, os compradores chineses começaram a estocar soja e buscar fornecedores alternativos.

Segundo fontes comerciais, processadores chineses já garantiram quase toda a soja brasileira destinada ao primeiro trimestre de 2025. No ano passado, o Brasil foi responsável por 54% das importações chinesas de soja no primeiro trimestre, enquanto os Estados Unidos enviaram 38%. A China é responsável por mais de 60% das importações de soja do mundo.

“Os trituradores chineses agora estão reservando soja brasileira para embarque entre fevereiro e março”, afirmou um trader em Cingapura. “Tanto empresas estatais quanto privadas estão priorizando o Brasil. É uma mudança de 100% para o Brasil”, completou.

Trump já ameaçou aplicar tarifas de 10% a 60% sobre produtos chineses, o que, caso aconteça, provavelmente resultaria em represálias da China contra produtos agrícolas dos EUA. Em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, os dois países impuseram tarifas retaliatórias, o que levou a China a adotar políticas para reduzir sua dependência de grãos americanos.

Em 2024, a participação das importações chinesas de soja dos Estados Unidos caiu para 18% nos primeiros 11 meses do ano, em comparação com 40% em 2016. Ao mesmo tempo, a participação do Brasil aumentou de 46% para 74%, conforme dados da alfândega chinesa.

A soja sul-americana, que é colhida mais cedo no ano, domina o comércio global até agosto, quando as colheitas dos Estados Unidos começam a entrar no mercado. No entanto, neste ano, importadores chineses recorreram à soja brasileira de forma mais antecipada, impactando as exportações dos EUA no fim da temporada de pico, em janeiro.

Estima-se que os Estados Unidos, segundo maior exportador global de soja, terão 10,34 milhões de toneladas métricas de soja disponíveis até o fim do ano comercial de 2024/25, em agosto — o maior volume em cinco anos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.

Com informações da Reuters