A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China atingiu um novo nível nesta quarta-feira (9), com Pequim respondendo ao aumento das tarifas imposto pelo presidente estadunidense Donald Trump. O governo chinês elevou a taxa de importação de produtos dos EUA para 84%, aprofundando ainda mais o confronto comercial entre as duas potências globais. Além disso, a China implementou restrições severas contra 18 empresas estadunidenses, principalmente em setores estratégicos relacionados à defesa, ampliando a lista de 60 empresas já sancionadas.
A medida de Pequim veio após Trump cumprir sua ameaça de elevar para 104% as tarifas sobre produtos chineses, um movimento que entrou em vigor nesta quarta-feira, coincidindo com o início da aplicação de novas tarifas sobre cerca de 60 países e a União Europeia. Em resposta, o Ministério das Finanças chinês condenou a ação, afirmando que o aumento das tarifas “é um erro sobre erro”, que infringe gravemente os direitos e interesses legítimos da China e prejudica o sistema comercial multilateral baseado em regras. A China já havia declarado anteriormente sua intenção de “lutar até o fim” para proteger seus direitos comerciais.
Enquanto isso, a União Europeia (UE) manifestou interesse em manter um diálogo com os EUA, mas não descartou a possibilidade de retaliações. A comissão do bloco europeu vota, também nesta quarta-feira, um conjunto de contramedidas que pode resultar no aumento das tarifas sobre uma variedade de produtos importados dos EUA. Embora essa medida tenha sido discutida como resposta a tarifas anteriores sobre aço e alumínio, impostos por Trump há cerca de um mês, ela também reflete o impacto da nova tarifa de 20% sobre as exportações da UE, que entrou em vigor nesta quarta-feira.
A lista de produtos mais afetados por essas tarifas na UE inclui soja, vestuário, motocicletas, frutas, madeira, derivados de ferro, aves, aço e alumínio. Para esses itens, espera-se uma tarifa de 25%, enquanto outros produtos terão uma taxa de 10%. A lista completa, que ainda não foi oficialmente divulgada, conta com 66 páginas. Segundo o jornal alemão Frankfurter Allgemeine, algumas dessas tarifas devem entrar em vigor já na próxima semana, enquanto outras serão aplicadas apenas em meados de maio.
Impacto econômico nos EUA
As políticas tarifárias de Trump têm causado um impacto significativo no sistema comercial global e desestabilizado mercados financeiros. Desde que as novas tarifas foram anunciadas, as bolsas de valores dos EUA enfrentaram quedas acentuadas. O índice S&P 500, que reúne 500 das maiores empresas estadunidenses, registrou a maior perda de sua história desde sua criação, na década de 1950.
Além disso, os títulos do Tesouro dos EUA, que normalmente são considerados ativos seguros, também sofreram perdas, sinalizando um clima de incerteza no mercado. O dólar caiu em relação a outras moedas, refletindo o aumento da volatilidade nos mercados financeiros globais.
Apesar do risco de uma desaceleração econômica mundial, incluindo uma possível recessão nos EUA, Trump permanece firme em sua estratégia e afirma não ter interesse em revisá-la. Durante um discurso em um jantar do Comitê Nacional Republicano do Congresso em Washington, na terça-feira (8), o presidente afirmou que os países afetados pelas tarifas estão ansiosos para negociar com os EUA. Em tom irônico, Trump disse: “Estou lhes dizendo, esses países estão nos ligando. Eles estão loucos para fazer um acordo. ‘Por favor, por favor, senhor, faça um acordo. Eu farei qualquer coisa, senhor’.”
Com informações do DWBrasil