Policiais civis de Mato Grosso do Sul cumpriram cinco mandados de busca e apreensão como parte da operação nacional “Adolescência Segura”, coordenada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A ação teve como objetivo combater uma organização criminosa que atuava no ambiente virtual incentivando o extremismo, a automutilação, o aliciamento e a incitação à violência entre adolescentes. Já foram registradas mortes de crianças e adolescentes associadas à atuação desses grupos.
As investigações envolvem crimes como discurso de ódio, tentativa de homicídio, instigação ao suicídio, maus-tratos a animais, apologia ao nazismo, além de armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil.
O diretor da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública (DIOPI/SENASP/MJSP), Dr. Rodney da Silva, enfatizou a importância da operação: “Esta operação é fruto de um trabalho integrado. Atuamos de forma cirúrgica para desarticular uma rede que cooptava jovens para práticas criminosas no ambiente virtual. Nosso objetivo principal é proteger adolescentes e a sociedade de ações que se iniciam no mundo digital, mas que geram graves reflexos no mundo real”, destacou.
No total, foram cumpridos cerca de 20 mandados de busca e apreensão, com o registro de duas prisões temporárias de adultos e sete internações provisórias de adolescentes durante as diligências.
De acordo com os investigadores, a organização criminosa utilizava plataformas criptografadas como Discord e Telegram, além de redes sociais, para atrair jovens vulneráveis. Os alvos eram incentivados à automutilação, maus-tratos a animais, disseminação de discursos de ódio e incitação à violência. Como forma de motivação, os integrantes mais ativos recebiam recompensas simbólicas. Os suspeitos poderão responder por crimes como associação criminosa, indução ou instigação à automutilação, maus-tratos a animais, entre outros delitos que, somados, podem ultrapassar 10 anos de reclusão.
Operação
A operação foi deflagrada de forma simultânea em sete estados brasileiros e contou com a coordenação da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública (DIOPI/SENASP/MJSP), por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas – Ciberlab. Em Mato Grosso do Sul, as medidas judiciais foram executadas pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), com suporte técnico do Núcleo de Computação Forense do Instituto de Criminalística, responsável pela apreensão e início da análise do material digital.
Além de Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, os mandados também foram cumpridos nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul, com o apoio das polícias civis locais. A operação também contou com a participação do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Até as 7h30 desta terça-feira (15), duas prisões de adultos e duas apreensões de adolescentes haviam sido confirmadas.
As investigações tiveram início em fevereiro deste ano, após a transmissão ao vivo, pela internet, de um ataque cometido por um adolescente contra uma pessoa em situação de rua. Na ocasião, o agressor lançou um coquetel molotov contra a vítima, que dormia e acabou tendo 70% do corpo queimado.
Os levantamentos realizados apontaram que o ataque não foi um episódio isolado. Os administradores do servidor onde o vídeo foi transmitido integravam uma organização criminosa voltada para a prática de crimes cibernéticos.
Segundo a Polícia Civil, a quadrilha se disseminava por diversas plataformas digitais, onde exercia manipulação psicológica sobre crianças e adolescentes, aliciando-os para atos ilícitos. A investigação também contou com o apoio de duas agências norte-americanas, que elaboraram relatórios detalhados sobre as atividades da organização.
Foto: Reprodução/Polícia Civil-MS