A safra brasileira de café para 2025 está estimada em 3,2 milhões de toneladas, o equivalente a 53,8 milhões de sacas de 60 quilos. A projeção, divulgada em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera as duas principais espécies cultivadas no país: arábica e canephora (robusta/conilon).
No caso do café arábica, a expectativa é de uma produção de 2,1 milhões de toneladas, o que representa 35,8 milhões de sacas. Entretanto, a safra de 2025 será marcada por um ciclo de bienalidade negativa — fenômeno típico da cultura do arábica que provoca queda na produtividade em anos alternados. Já a produção do café canephora está estimada em 1,1 milhão de toneladas, correspondendo a 18 milhões de sacas.
Destaques regionais
O Espírito Santo, maior produtor nacional de café conilon, responde por 65,5% da produção brasileira dessa variedade. Para 2025, a estimativa é de um crescimento de 5,6% na produção em relação ao ano anterior. Isso significa uma colheita de 707 mil toneladas ou 11,8 milhões de sacas.
Em Rondônia, a estimativa é de 177,4 mil toneladas ou 3 milhões de sacas de 60 kg. O estado apresentou uma alta de 2,8% na comparação com o mês anterior e de 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado, consolidando sua relevância como produtor de robusta.
Exportações em queda, mas receita em alta
Em março, o Brasil exportou 3,287 milhões de sacas de café, de acordo com o relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Embora o volume represente uma queda de 24,9% em relação ao mesmo mês de 2024, a receita cambial subiu 41,8%, alcançando US$ 1,321 bilhão.
Nos nove primeiros meses da safra 2024/25, o país já embarcou 36,885 milhões de sacas, registrando aumento de 5% no volume exportado e de expressivos 58,2% na receita, se comparado ao mesmo período da safra anterior.
Os Estados Unidos lideram a lista de destinos do café brasileiro no primeiro trimestre de 2025, com a importação de 1,806 milhão de sacas — 16,9% do total. Em seguida, aparece a Alemanha, com 1,403 milhão de sacas (13,1%). Outros destaques incluem:
- Itália: 800.318 sacas
- Japão: 675.192 sacas
- Bélgica: 500.300 sacas
Impacto no agronegócio
Segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Cepea, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio cresceu 4,48% no quarto trimestre de 2024, fechando o ano com alta de 1,81% em relação a 2023. O café teve destaque: o valor bruto da produção da cultura aumentou 37,36%, impulsionado pela valorização de 39,53% nos preços reais, mesmo com uma leve retração de 1,56% na produção.
Os primeiros meses de 2024 foram marcados por especulações quanto à safra 2024/25 e ao nível dos estoques globais. A preocupação com a colheita de robusta no Vietnã e as incertezas climáticas no Brasil também contribuíram para a volatilidade nos preços.
No terceiro trimestre de 2024, os preços do arábica e do robusta mantiveram a tendência de alta. Em julho, o arábica teve valorização expressiva, influenciado pela desvalorização do real frente ao dólar. Em novembro, os preços voltaram a subir devido à oferta restrita no mercado brasileiro e às perspectivas de safra menor no Vietnã.
Contudo, essa trajetória de alta foi interrompida em março. De acordo com o Cepea, os preços fecharam o mês em queda. O indicador CEPEA/ESALQ para o arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto em São Paulo, teve média mensal de R$ 2.547,71 por saca, uma redução de 3,16% em relação a fevereiro — o equivalente a cerca de R$ 80 por saca.
Já o robusta tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, teve média de R$ 2.003,02 por saca, queda de 2,3% (ou R$ 47,07 a menos por saca) na comparação com o mês anterior.
Especialistas destacam que o mercado aguarda informações mais consistentes sobre o potencial da safra 2025/26. Ainda assim, o retorno das chuvas nas principais regiões produtoras contribuiu para esfriar o ritmo de alta dos preços registrado até então.