Em apenas dois meses de funcionamento, a Sala do Imigrante, sediada na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso do Sul (SRTE-MS), já realizou 138 atendimentos a pessoas migrantes de nove nacionalidades distintas. Entre os atendidos estão venezuelanos, haitianos, cubanos, moçambicanos, dominicanos e outros cidadãos em busca de novas oportunidades e dignidade em território brasileiro.
O espaço, criado para oferecer acolhimento e suporte integral à população migrante, tem como objetivo principal facilitar a inserção legal e digna dessas pessoas no mercado de trabalho do estado, conectando a necessidade de mão de obra do setor produtivo com o direito à inclusão social e laboral previsto na Constituição Federal.
Segundo o superintendente regional do Trabalho, Alexandre Cantero, o projeto representa mais do que números — ele significa transformação de vidas. “Temos carência de profissionais em diversos setores e um compromisso constitucional de promover dignidade a quem oferece sua força de trabalho. A Sala do Imigrante une esses dois pontos, ligando o interesse das empresas à inserção legal de trabalhadores migrantes”, afirma Cantero.
Atendimento feito por quem entende a jornada
Um dos diferenciais da iniciativa é que o primeiro atendimento é feito por migrantes que já passaram por processos semelhantes. Mirtha Virgínia Carpio Diaz, presidente da Associação Venezuelana, e Junel Ilora, presidente da Associação Haitiana, atuam como ponte entre os recém-chegados e as instituições públicas. Eles ajudam a traduzir não apenas o idioma, mas as dúvidas, medos e expectativas de quem está em busca de recomeço.
“Eu sei exatamente como é chegar em um país novo sem saber a quem recorrer. Hoje, poder ser essa referência para outras pessoas me enche de orgulho. Ver alguém conseguir um documento, um trabalho, um lar… isso é incalculável”, relata Mirtha.
A Sala do Imigrante também tem encaminhado diversos trabalhadores para entrevistas de emprego, além de apoiar empresas interessadas em contratações formais. A iniciativa vem em um momento importante para o estado, que, em 2024, teve 24.280 vagas de trabalho não preenchidas, especialmente no setor industrial, segundo a Fundação do Trabalho (Funtrab).
O projeto conta com o apoio da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS), do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados (Sicadems) e da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), reforçando a articulação entre poder público, setor produtivo e academia.
Além do emprego
Os atendimentos na Sala do Imigrante abrangem orientações sobre temas como refúgio, naturalização, regularização migratória, emissão de CPF, além de suporte na emissão da Carteira de Trabalho (CTPS), encaminhamento para vagas de emprego, registro de denúncias de exploração e apoio à reunião familiar.
Entre os atendimentos realizados, destacam-se 53 venezuelanos, 15 brasileiros (com dupla nacionalidade ou retornados), 11 haitianos e 9 cubanos. No total, foram divulgadas 38 oportunidades de emprego, 14 currículos recebidos, 29 solicitações de autorização de residência protocoladas e diversas denúncias de trabalho em condições análogas à escravidão registradas e encaminhadas aos órgãos competentes.
Os interessados em buscar atendimento podem comparecer à Sala do Imigrante, localizada na Superintendência Regional do Trabalho em Campo Grande, na Rua 13 de Maio, nº 3.214, Centro. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Também é possível agendar por e-mail, através do endereço: [email protected]. Mais informações pelos telefones (67) 3901-3008 e 3901-3014.