A declaração do governador Eduardo Riedel (PSDB) a favor da anistia aos presos pela invasão aos prédios dos Poderes provocou uma divisão interna significativa no Partido dos Trabalhadores (PT), com destaque para a bancada de deputados estaduais. Dois membros do partido, Pedro Kemp e Gleice Jane, estão prestes a anunciar, na sessão da Assembleia Legislativa marcada para esta terça-feira, a saída da base de apoio do governador.
Gleice Jane, em um post nas redes sociais, foi enfática ao declarar que a postura de Riedel é incompatível com os princípios democráticos. “O respeito à democracia e aos direitos fundamentais exige que os culpados sejam devidamente punidos. Sem anistia! Reafirmo minha posição de que o PT não pode mais compor este governo”, escreveu, destacando sua decisão de deixar a base governista. Já o deputado Pedro Kemp também se manifestou a favor da saída do PT da base aliada, considerando que “não é possível conviver com um governo que apoia golpistas e não tem apreço pela democracia”.
Em contraste, o ex-governador e atual deputado estadual Zeca do PT, embora tenha expressado publicamente sua indignação com a declaração de Riedel, se posicionou contra o desembarque do partido do governo. Em entrevistas, Zeca afirmou que foi convidado para integrar o governo estadual e que só deixará o cargo se for removido. Para ele, os posicionamentos divergentes não devem interferir na permanência do PT no governo estadual.
A declaração de Riedel pode acirrar ainda mais as disputas internas no PT, especialmente com as eleições gerais do partido se aproximando. Marcadas para o dia 6 de junho, as eleições definirão os novos dirigentes dos diretórios municipais e estadual. Neste cenário, o apoio à candidatura de Vander Loubet à presidência do Diretório Estadual do PT é predominante, com cinco alas partidárias em seu favor. A Articulação de Esquerda continua a sustentar a candidatura de Gleice Jane, embora, até o momento, o cenário não indique um racha significativo que possa prejudicar a unidade interna do partido.
A eleição será uma das mais concorridas da história do PT em Mato Grosso do Sul, com cerca de 300 lideranças disputando cargos, tanto na capital quanto no interior. O evento, sem dúvida, será uma vitrine de força e unidade para o partido, marcando um momento crucial na política estadual.