Brasil enfrenta novo surto de dengue e chikungunya após recordes em 2024

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Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanha o avanço de mais um vírus respiratório originado na China, as autoridades sanitárias brasileiras têm outra preocupação urgente: as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como a dengue e a chikungunya. E a preocupação não é sem motivo. Em 2024, o Brasil registrou números alarmantes, com recordes de casos e mortes por dengue.

De acordo com o Ministério da Saúde, até o dia 28 de dezembro de 2024, o país registrou 6,6 milhões de casos prováveis da doença e 6.022 mortes confirmadas. Outras 1.179 mortes ainda estavam sob investigação. Já em 2025, o número de casos prováveis ultrapassou os 10 mil, com 10 mortes em investigação.

O médico sanitarista e professor da Universidade de Brasília, Jonas Brant, explica que os países do Hemisfério Norte, como os Estados Unidos, a Europa e a China, enfrentam uma realidade diferente da brasileira neste momento, devido à sazonalidade das doenças. Para essas regiões, as doenças respiratórias, como a gripe e a Covid-19, são uma maior preocupação. No entanto, no Brasil, a temporada de doenças transmitidas por vetores e as doenças diarreicas tende a se intensificar nesta época do ano.

“No Hemisfério Sul, o Brasil está em um período crítico para doenças como dengue e chikungunya, que tendem a se propagar com mais intensidade nos meses de calor. Por isso, neste momento, nossa maior preocupação é o controle desses surtos, enquanto outras regiões estão mais focadas em doenças respiratórias”, explica o especialista.

O que esperar para 2025

Após o surto recorde de dengue em 2024, o governo federal já se antecipa com ações preventivas para 2025. Além da vacinação contra a doença, que contemplou jovens entre 10 e 14 anos, o Ministério da Saúde anunciou um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão para a compra de mais vacinas, insumos laboratoriais para ampliação da testagem, medicamentos para o controle da proliferação do mosquito, e ações de mobilização e conscientização da população.

Embora o médico Jonas Brant acredite que o Brasil não vivenciará um surto de proporções tão grandes quanto o de 2024, ele alerta que um aumento de casos acima do normal pode ser esperado.

Na primeira semana de janeiro de 2025, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica com recomendações para os gestores estaduais e municipais, reforçando a importância do monitoramento constante da situação epidemiológica, a implementação de medidas de controle e a preparação das redes de saúde, principalmente nos primeiros meses do ano. A nota também ressalta a importância de ações de transparência, como a divulgação de informações sobre a localização dos surtos e das áreas mais afetadas, para que as autoridades possam direcionar melhor os esforços de combate à doença.

“O momento é crítico para a vigilância em saúde. As secretarias municipais e estaduais precisam se organizar rapidamente para detectar os casos, mapear a circulação do vírus e organizar as equipes de resposta”, destaca Brant. Ele reforça ainda que a participação da comunidade é essencial para evitar novos surtos.

10 minutos contra a dengue

O Ministério da Saúde, consciente de que o controle do mosquito depende da colaboração da sociedade, lançou no ano passado uma campanha de conscientização chamada “10 minutos contra a dengue”.

A iniciativa incentiva a população a dedicar 10 minutos por semana para inspecionar suas casas e eliminar focos do mosquito. Além disso, o uso de repelentes e a instalação de telas mosquiteiras em portas e janelas são medidas importantes para reduzir a proliferação da doença.